quarta-feira, 16 de maio de 2012

Palavrões

O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional a quantidade de foda-se que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito do foda-se!?
O foda-se aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Me liberta.
- Não quer sair comigo ?
Então foda-se!
- Vai querer decidir essa merda sozinho (a) mesmo?
Então foda-se!.
O direito ao foda-se deveria estar assegurado na Constituição Federal.
Os palavrões não nasceram por acaso.
São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.
É o povo fazendo sua língua.
Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
Prá caralho, por exemplo.
Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que Prá caralho?
Prá caralho tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.
A Via-Láctea tem estrelas prá caralho, o Sol é quente prá caralho, o universo é antigo prá caralho, eu gosto de cerveja prá caralho, entende?
No gênero do Prá caralho, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso Nem fodendo!.
O Não, não e não e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade Não, absolutamente não o substituem.
O Nem fodendo é irretorquível, e liquida o assunto.
Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida.
Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral?
Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo:
Marquinhos presta atenção, filho querido, Nem fodendo.
O impertinente se manca na hora!
Por sua vez o porra nenhuma atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional: ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!.
O porra nenhuma, como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior.
É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
São dessa mesma gênese os clássicos aspone, chepone, reponee mais recentemente, o prepone - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um Puta-que-pariu, ou seu correlato Puta-que-o-pariu, falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...
mitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso vai tomar no cu!?
E sua maravilhosa e reforçadora derivação vai tomar no olho do seu cu!.
Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: Chega! 
Vai tomar no olho do seu cu!.
Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima.
Desabotoa a camisa e sai a rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: Fodeu!.
E sua derivação mais avassaladora ainda: Fodeu de vez!.
Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa.
Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro
e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala?
Fodeu de vez!.
Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Foda-se!!! 

Um comentário:

Por Elas. disse...

haha,gostei.. True !